Os contratos futuros dos cafés arábica e robusta apresentaram comportamento díspares no desempenho semanal de suas respectivas bolsas internacionais. Em Nova York, o contrato “C” com vencimento em julho/2016 da primeira variedade recuou 240 pontos, encerrando a sessão de ontem a US$ 1,2095 por libra-peso. Já na ICE Europe, o vencimento julho do café robusta subiu US$ 21, encerrado a quinta-feira em US$ 1.578 por tonelada.
Segundo analistas, o mercado está à espera de novos fatores fundamentais e o dólar comercial é um dos principais fatores de oscilação das cotações dos futuros de arábica. Pelos indicadores técnicos, NY rompeu o suporte a US$ 1,2275 e o próximo objetivo é o nível psicológico a US$ 1,20 por libra-peso. Entretanto, os preços permaneceram dentro do intervalo de US$ 1,20 a US$ 1,30.
Também têm sido identificadas poucas vendas no mercado de balcão dos produtores e travas futuras em função do enfraquecimento dólar, fatores que, aliados aos diferenciais pouco atrativos para exportadores, não contribuem para manter o volume de contratos em aberto.
No Brasil, o dólar comercial encerrou a sessão de ontem valendo R$ 3,4976, o que implicou queda de 2,04% na comparação com o desempenho da sexta-feira da semana passada. O direcionamento foi dado pelo anúncio do Federal Reserve (banco central dos EUA) de manutenção da taxa dos FED funds entre 0,25% a 0,50% e da taxa de redesconto em 1%, sinalizando que a elevação dos juros não deve ocorrer tão cedo.
O cenário baixista também recebeu suporte da maior desvalorização percentual da Bolsa de Tóquio em mais de dois meses. Essa performance ocorreu depois que o Banco do Japão optou pela manutenção de sua política monetária, o que contrariou as expectativas de analistas, que aguardavam medidas de estímulo.
Já o desempenho positivo do mercado internacional do café conilon veio de uma expectativa de menores safras, em especial no Brasil, onde o clima vem castigando as lavouras da variedade, principalmente no Espírito Santo, por mais praticamente três anos. Nesta semana, o Rabobank comunicou que a safra de robusta baixa no Brasil, junto com a menor colheita na Indonésia, deve criar um mercado apertado nos próximos nove meses.
No mercado físico, com o recuo registrado nas bolsas internacionais, teve sequência a paralisia de negócios. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os produtores, atentos às fortes oscilações dos preços externos, diminuíram suas vendas por causa da insatisfação com o atual patamar das cotações no Brasil. Do lado comprador, a proximidade da colheita da safra 2016/17 também inibe a demanda, o que deverá fazer com que o mercado se aqueça apenas quando a colheita se desenvolver de fato.
O Indicador do Cepea para o café arábica encerrou a quinta-feira valendo R$ 453,76 por saca, com desvalorização de 1,26% na comparação com o valor registrado na sexta-feira da semana passada. Já o robusta pouco oscilou (-0,16%) no agregado semanal, cotado, ontem, a R$ 381,63 por saca.